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Sistemas de previsão de doenças de plantas desenvolvidos por pesquisador do IFC-Campus Rio do Sul permitem reduzir a aplicação de agrotóxicos nas culturas

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

O professor Leandro Luiz Marcuzzo do IFC Campus Rio do Sul coordena o desenvolvimento de sistemas de previsão para doenças de diversas culturas de plantas com a finalidade de reduzir o número de aplicações de fungicidas.

Os agrotóxicos são frequentemente usados sem necessidade e em dosagens excessivas no sistema convencional de produção, o que intensifica os problemas ambientais causados por esses produtos e aumenta os custos para o produtor. A necessidade e a intensidade do uso destes químicos precisam ser, desta maneira, determinadas através de critérios técnicos rigorosos. Estabelecer estes critérios requer a compreensão das condições que favorecem o desenvolvimento de cada doença da cultura.

Projetos de pesquisa coordenados pelo professor Leandro Luiz Marcuzzo do IFC – Campus Rio do Sul buscam compreender as características de doenças causadas por fungos e bactérias fitopatogênicas, bem como estabelecer sistemas que permitam prever a ocorrência delas. Esses aspectos vêm sendo estudados com foco nas culturas do alho, cebola, beterraba e da cenoura, e contam com a participação de estudantes do curso superior de Agronomia. A Associação Nacional de Produtores de Alho (ANAPA) e a Associação Catarinense de Produtores de Alho (ACAPA) são também parceiras nos estudos com a cultura do alho. Entre as doenças pesquisadas estão o míldio e a queima das pontas das folhas da cebola, cercosporiose da beterraba, a queima bacteriana, a mancha púrpura e a ferrugem no alho e a queima das folhas da cenoura que abrange várias pesquisas, desde avaliação da resistência de cultivares, controle biológico e controle cultural. O professor participa de outros projetos junto com os professores Oscar Emílio Harthmann e Rony da Silva.

A equipe avalia ano a ano as culturas a fim de detectar as condições que desencadeiam a ocorrência das doenças. Para garantir que as plantas tenham o contato com o patógeno, este é inoculado nas mudas que são posteriormente transferidas para a unidade experimental. Esses patógenos são cultivados em laboratório sob condições controladas, em meios de cultivo, a partir do que é também inferida a temperatura ideal para o desenvolvimento de cada doença. Após o estabelecimento das culturas na unidade experimental, as plantas são submetidas a pulverizações de fungicidas conforme os diferentes tratamentos propostos. Durante o desenvolvimento das culturas, são avaliados os estágios de desenvolvimento das doenças e a produtividade.

São registradas também a temperatura e a taxa de molhamento foliar e, com o auxílio de uma estação meteorológica instalada próxima à área do experimento, dados de umidade relativa do ar e precipitação. Todos estes dados são então utilizados para o desenvolvimento de um modelo matemático que correlaciona os parâmetros avaliados e detecta as condições necessárias para o desencadeamento das doenças. A expectativa dos pesquisadores é que o sistema em desenvolvimento possa ser utilizado pelo produtor rural para avaliar a necessidade e determinar a quantidade de aplicações de agrotóxicos. As informações necessárias ao produtor são disponibilizadas por meio da plataforma virtual da EPAGRI/CIRAM, que indicará o momento em que as condições ambientais para o desenvolvimento da doença estiverem presentes e, portanto, alertará quanto à necessidade do uso de agrotóxicos.

O sistema, em seu estágio atual de desenvolvimento, já permite a redução de 42% nas pulverizações de fungicidas para cultura da beterraba e cebola e de até 80% para cultura da cenoura. Estudos complementares serão desenvolvidos para aperfeiçoar os sistemas obtidos e as avaliações na cultura do alho deverão ocorrer até 2024, que neste ano já teve de 23 a 69% de redução dos fungicidas aplicados na cultura.

Créditos

Texto: Matheus Leitzke e Jonas da Silva Döge

Imagens: Luiz Leandro Marcuzzo